Resident Evil – Como seria um seriado para a TV?


Todo fã de jogos, quadrinhos e afins tem um desejo em comum: ver a franquia que ama na telinha da TV, estrelando seus personagens preferidos na pele daqueles atores que a pessoa já identifica com o personagem com aqueles roteiros super mega caprichados inspirados naqueles momentos marcantes da história. Quem nunca? Essa fantasia normalmente não se realiza, na maioria das vezes quadrinhos e jogos ganham versões em médias e longa metragens diretamente para o cinema dependendo de sua popularidade. Nem é preciso dizer o resultado da maioria desses casos, basta tomar como exemplo Double Dragon, Street Fighter, The King of Fighters e Doom. Isso mencionando apenas games. Dos que eu assisti até hoje um dos poucos que me agradou, apesar da pouca verba investida e de poucos personagens foi Tekken.
Ainda lembrando de filmes, ironicamente as versões desenvolvidas diretamente para DVD, como Resident Evil Degeneration e Damnation e Tekken: Blood Vengeance tem mais qualidade do que as superproduções para cinema. Sem entrar no assunto, pois as centenas de diferenças e “anomalias” claramente visíveis fazem dessa versão uma das mais odiadas pelos fãs da franquia original, a série de filmes Resident Evil no cinema, estrelada pela talentosa Milla Jovovich e escrita e dirigida por seu marido Paul W. Anderson, atualmente está no topo da lista de piores adaptações de jogos para o cinema de todos os tempos. Embora os elementos dos jogos, como heróis e vilões sejam vistos ali, todo o cenário e história foram completamente desvirtuados em uma adaptação com “vida própria” e de longe fora do contexto sugerido pela fonte original. Mais uma vez, ironicamente, as bilheterias dessa franquia são estranhamente milionárias. Talvez pelo fato de muitos não conhecerem a franquia e terem seu primeiro contato pelo filme e também pelo filme ser uma referência do cinema atual, com efeitos e ação como pede a tendência na atualidade. Isso não faz os fãs do material original menos decepcionados.
Agora, pensando na possibilidade da franquia Resident Evil vir a se tornar um seriado para a TV, quais prós e contras poderiam surgir? O que agradaria e o que não agradaria os fãs? Fazendo uma análise breve, eis uma pequena lista do que poderia vir a surgir.

Prós Resident Evil como seriado de TV:
- Provavelmente o maior pró seria o roteiro da primeira e segunda, talvez até mesmo da terceira temporada. Isso porque seria bem possível o roteirista se basear nos primeiros jogos da série e tentar replicar os eventos, mostrando os acontecimentos na Mansão Spencer e na cidade de Raccoon. Um grande pró também seria o fato dos fãs poderem apreciar os vilões básicos clássicos em pelo menos duas temporadas, zumbis, cães zumbis, corvos e até mesmo Hunters. Outro pró, menos provável, mas ainda interessante, seria a possibilidade da inserção dos heróis dos games em passagens épicas na história do jogo sendo mostrados em uma versão filmada, como Chris e Wesker se confrontando no roteiro de Code Veronica, quem nunca imaginou essa cena em live action?
Vale lembrar que na produção de um seriado todos os direitos são vendidos normalmente em separado, ou seja, história principal, heróis e vilões, cada um tem seu preço e por essa razão muitos autores preferem ter acesso à história e vilões mais baratos e criarem seus próprios protagonistas na aventura. Outro ponto a ser recordado é que a história, seja em um seriado ou qualquer outra mídia tende a seguir o caminho dos games, ou seja, inicialmente são militares menos preparados para o contato contra inimigos desconhecidos, o que gera mais tensão, medo e terror, contudo posteriormente temos militares mais armados e preparados contra inimigos mais poderosos, trazendo mais ação e adrenalina para as cenas. Mesmo assim, com a dosagem certa de drama, terror e ação na história a probabilidade de agradar aos fãs seria enorme.

Contras de Resident Evil como seriado de TV:
- O primeiríssimo contra e extremamente provável seria a ausência dos protagonistas dos games como protagonistas do seriado. Isso porque a empresa dona dos direitos de tudo na franquia, no caso de não ser patrocinadora nem produtora do material, poderia colocar um preço absurdo nos direitos de uso dos heróis, bem como restringir esse ou aquele. Isso normalmente força o roteirista a criar um protagonista para substituí-los. Inicialmente isso pode não ser um problema, exceto pelas indagações “Onde está Chris?”, “Cadê a Jill?”, mas o novo “herói” pode conduzir bem a história, como os originais. Contudo, ao se passar um pouco adiante, como o novo protagonista cria sua própria história dentro dos acontecimentos, ele acaba por sair do eixo principal, gerando uma história paralela e não aquela qual os fãs esperavam. É impossível ver os eventos dos games na visão de outro protagonista? Não. É perfeitamente possível de se ver os acontecimentos na mansão na visão de um personagem que vamos supor, estivesse escondido o tempo todo, se virando pra sobreviver e que por algum miraculoso acaso do destino não se esbarrou com Chris, Jill e companhia e com a mesma qualidade de narração ou até mesmo melhor. Sobre Raccoon nem se fala dadas as inúmeras possibilidades, quantos cantos da cidade não foram explorados nos games e poderiam ser maravilhosamente apresentados nas telas pela visão de um roteirista e diretor fãs da franquia. Uma coisa é fato, os fãs ficariam claramente decepcionados se não vissem seus personagens queridos entre os protagonistas.
- Outro contra remete-se aos desenvolvedores e envolvidos em tal projeto. Um fã quase sempre imagina o projeto baseado em sua série preferida feito por um fã como ele, que respeite a essência do material em si. Bom, isso nem sempre acontece. O que acontece com mais frequência é o diretor e roteirista, ou no caso, muitas vezes o diretor que também é o roteirista, deixar o material mais parecido com algum trabalho dele mesmo mais antigo ou ele modifica dezenas de pontos para dar suas características ao trabalho. Isso deixa o material final de certa forma mais original, mas também perde parte de sua natureza. E por mais que os fãs critiquem, quem não gostaria de ter em mãos um projeto de Resident Evil para mexer como quisesse? É difícil de aceitar, mas cada fã tem sua própria visão da história e dos personagens e de suas personalidades. A verdade é que se dez fãs fossem desafiados a escrever um roteiro de Resident Evil pré-determinado haveriam no final dez roteiros diferentes e cada um se lesse o do outro iria criticar as diferenças e os detalhes que não aprovasse. E acreditem, qualquer diretor e/ou roteirista com os direitos de um seriado de uma franquia desse porte em mãos, a primeira coisa que iria fazer seria criar um personagem pessoal para inserir nos acontecimentos.
- Outro contra dos mais pesados: a remodelação de personagens dos games. Não que isso seja algo que a pessoa (diretor/roteirista/figurinista) fazem de propósito, mas em muitos casos o produtor olha pra um personagem e diz “Ele não parece real o suficiente, poderia dar uma mexida nele e deixá-lo mais ~humano~?”. Bom, o resultado disso muitas vezes são versões tão diferentes que ficam até bizarras, tome como exemplo Carlos, Nicholai, Chris e Claire nos filmes de cinema do Paul Anderson. Se tem uma coisa pior que não ver seu personagem preferido é ver um ator totalmente descaracterizado, sem sequer uma interpretação que lembre a personalidade do herói usando o nome do mesmo. Isso tende a afundar o bom humor de qualquer fã por mais tranquilo que o mesmo seja. 
- Por fim, o último dos “grandes contras” na minha opinião, embora eu ainda possa citar vários, é a famosa “encheção de linguiça”, ou de uma maneira mais formal, a famosa enrolação. É bem simples. Se alguém aí pensa que uma franquia como Resident Evil renderia um seriado de duas ou três temporadas apenas está muito enganado. The Walking Dead, uma franquia bem menor e quase tão grande em conteúdo quanto Resident Evil começou com uma web-série e já vai para a quinta temporada (embora eu considere a quarta um fiasco de roteiro e tudo mais). Uma franquia do porte de Resident Evil renderia pelo menos cinco temporadas de vinte e quatro episódios, disso para além. Com base nisso, pensem em como criar uma pequena parte de um grande caso explicada por episódio ao longo de 120 episódios (24 episódios por temporada em cinco temporadas). Acho bem improvável que um roteirista crie isso tudo sem entrar na mesmice e começar a ter problemas de criatividade. Isso sem mencionar nas rotineiras trocas de diretor, produtor, roteirista e atores. Em algum tempo o roteiro dos games acaba se desprendendo dando início a um roteiro original que pode ou não ser do gosto do público.
Há de se lembrar novamente que provavelmente diretor/roteirista e também atores poderiam não ser fãs da franquia e portanto, tanto roteiro quanto caracterização quanto interpretações teriam uma grande chance de estar muito além do esperado pelos fãs dos games.

Ainda pensando no tema, perguntei a alguns amigos: “O que você esperaria se fosse anunciado o lançamento de um seriado inspirado na franquia Resident Evil?”. Eis algumas das respostas dos fãs que comentaram comigo sobre o assunto.

“Uma trama mais aprofundada no background dos personagens e de suas relações com os demais, e maiores explicações sobre os experimentos virais da Umbrella.” Monique Alves (Resident Evil Database).

“Bom conteúdo e que seja fiel aos jogos, ótimos atores e que eles conheçam a franquia. Acho que isso ajudaria a pessoa a se comportar como o personagem.” Michael Pereira (Órfãos do Resident Evil SAC).

“Esperaria que seguisse a história da série de jogos. Nada de viagens como nosso "querido" Paul W. Anderson nos proporciona com seus filmes. Mesmo que não acompanhasse a história original, mas que seguisse uma história tão empolgante quanto foi jogar Resident Evil 1, 2, 3 e Code Veronica. Terror, suspense e uma pitada de ação.” Hytallo Massett (Residevil).

“Imagino um seriado sobre Resident Evil que se baseie nos acontecimentos atuais da série. Um seriado policial em que haja uma conciliação entre investigação e intervenção militar envolvendo ataques e incidentes biológicos. Uma equipe que seja comandada por grandes organizações anti-bioterroristas como B.S.A.A. ou D.S.O., que envie seus agentes para resolverem os casos a parte, e quem sabe até fazendo ligações com os jogos. O seriado não precisaria ser longo, porém com um enredo claro e personagens dignos de suas interpretações. Aí fica um dúvida, um seriado estilo C.S.I. como todo episódio casos diferentes ou um caso para cada temporada (para fugir daquele clichê e tédio que pode surgir).” Ricardo Dias (Órfãos do Resident Evil SAC).



Expectativa dos fãs ao ficarem sabendo de uma notícia envolvendo o lançamento de um seriado de TV inspirado em Resident Evil: personagens épicos e caracterizados fielmente como os Cosplayers de Resident Evil ao longo do globo.


 Possibilidade de muitas mudanças nos personagens em uma versão adaptada para as telinhas, assim como já ocorreu nas telonas.

Dan Yukari – Administrador do Blog.